sexta-feira, 5 de março de 2010

Filatelista

POESIA
Poesia Filatélica
Pedistes selos? Pois selos / Tereis os que apetecerdes, / Encarnados, amarelos, / Azuis, roxos e verdes; // Tê-lo-eis grandes, pequenos, / A farta postos à escolha / Uns melhores, outros menos, / Uns velhos, outros em folha. // Mandar prefiro os antigos, / De velhos, cansados povos / Pois os selos, como amigos, / Mais valem velhos que novos. // Tê-los-eis dos mais legítimos / desde o tempo dos Henriques, / Em réis, centavos, cêntimos, / Em shillings e peniques. // Tê-los-eis com vários bustos / Tê-los-eis de vários anos, / De imperadores vetustos / E chefes republicanos. // Tê-los-eis de vários gostos, / Firmados em línguas várias, / Mostrando diversos rostos / De personagens lendárias // Rostos de moços e velhos / Que humildes povos incensam, / E de importantes fedelhos / que já reinam e ainda não pensam ; // De rainhas primitivas / Que a nós só contam da História / E de outras que estão bem vivas / Como a grande Rainha Vitória; // De Colombo e sua roda, / De Santo Antônio e do Papa. / Pois, depois de selo é moda / Já ninguém do selo escapa. // Apesar receio, amigo,/ Que à força de mandar selos / Fique eu doido e vós comigo / à força de recebê-los. / (Aluísio de Azevedo)