sábado, 15 de janeiro de 2011

Chá verde

Chá verde é usado para prevenir diversos males, incluindo demência e Alzheimer
Há séculos, o chá é usado como elixir para diversos males. Das crises nervosas aos problemas digestivos, sempre há uma infusão que funciona como “santo remédio”. A ciência acaba de comprovar mais um benefício da bebida, uma velha conhecida da medicina tradicional chinesa.
De acordo com um estudo publicado no jornal especializado Phytomedicin, o chá verde protege o cérebro contra vários tipos de demência, incluindo o mal de Alzheimer.
A pesquisa foi liderada por Ed Okello, professor e diretor-executivo do Medicinal Plant Research Group da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. Como bom britânico, o biólogo não dispensa uma xícara de chá e há cerca de 10 anos estuda a relação entre os componentes das infusões e a memória. Em 2004, ele já havia publicado um artigo associando os chás verde e preto, derivados da mesma planta, a Camellia sinensi, e a prevenção do Alzheimer. A equipe de Okello descobriu que essas bebidas inibem a atividade das enzimas butirilcolinesterase e acetilcolinesterasem, que propiciam o aparecimento da doença. Na época, a equipe ainda não sabia exatamente como esse efeito contra a demência ocorria. Agora, no novo estudo, eles descrevem a ação do chá verde depois de preparado e já ingerido, uma fase em que, normalmente, as propriedades terapêuticas se perdem, porque o organismo pode absorver ou modificar os componentes. Mas, para a surpresa da equipe de pesquisadores, o efeito benéfico não apenas se manteve, como foi potencializado. Para verificar a ação do chá verde após sua ingestão, os cientistas desenvolveram um aparelho que simula o sistema digestivo. Com isso, foi possível acompanhar cada passo do processo e a forma como as moléculas se comportam no organismo. Segundo Okello, verificou-se não apenas a inibição das enzimas associadas ao Alzheimer, mas outro benefício em potencial: a desaceleração de células cancerígenas. Em relação à demência, o professor explica que existem dois compostos já conhecidos por desempenhar um importante papel no desenvolvimento do mal de Alzheimer, doença degenerativa e sem cura, cujas causas não foram completamente desvendadas pela ciência. Essas substâncias são a proteína beta-amiloide e o oxidante peróxido de hidrogênio. A primeira, quando produzida em excesso pelo próprio corpo, acumula-se entre os neurônios, formando placas de gordura que destróem as células cerebrais. Nos estágios iniciais, quando a doença sequer se manifestou, os depósitos do lipídio estimulam a liberação do peróxido de hidrogênio. Okello explica que os polifenóis, ao ser ingeridos, quebram-se e produzem compostos benéficos, que conseguem combater a beta-amiloide e o peróxido de hidrogênio. O problema é que, na hora da digestão, os efeitos podem se perder. Era isso que os cientistas queriam investigar, pois, segundo o biólogo, muitas substâncias presentes em alimentos são promissoras mas, quando digeridas, perdem as propriedades. Com o chá, ocorreu o contrário. No aparelho digestivo, as substâncias resultantes dos polifenóis ficaram ainda mais protetoras e evitaram que as toxinas da beta-amiloide e do peróxido de hidrogênio afetassem as células.
Hábitos saudáveis
Lembrando que outros fatores como alimentação e hábitos saudáveis são importantes para a prevenção da demência, Ed Okello acredita que a descoberta é promissora. “Apesar de não haver cura para a doença, o chá pode ser uma arma em potencial no arsenal usado para desacelerar o desenvolvimento do Alzheimer. Seria ótimo se nosso trabalho pudesse melhorar a qualidade de vida de milhões de vítimas e de seus cuidadores”, disse ao Estado de Minas, acrescentando que muitos anos serão necessários até que o achado se reverta em tratamento clínico. Por meio de nota, o presidente da sociedade inglesa Alzheimer’s Society, Clive Ballard, afirmou ao EM que as evidências são importantes, mas ainda é preciso cautela. “O estudo adiciona mais fatores ao anterior (de 2004), sugerindo que o chá verde pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver doença de Alzheimer. Mas, em pesquisas, são usadas doses altas das substâncias químicas (no caso, os polifenóis), que jamais seriam possíveis no organismo humano. Mais estudos são necessários para saber se, em uma dose muito menor, o chá continua protetor”, diz. Ballard lembra que compostos antioxidantes, encontrados em frutas, vegetais e no próprio chá verde, deveriam fazer parte de toda dieta saudável. “Pesquisas já mostraram que a melhor forma de reduzir risco de ter algum tipo de demência é aderir a uma dieta saudável, repleta de frutas e vegetais, exercitar-se regularmente, não fumar e manter o colesterol em bons níveis, além de checar regularmente a pressão sanguínea”, ensina o médico.
(Fonte - http://www.acrenoticia.com)