quarta-feira, 18 de julho de 2012

Belezas do Brasil - Açude Orós

Barragem Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira

DESCRIÇÃO GERAL
A barragem do Açude Orós está localizada no município de Orós, estado do Ceará, aproximadamente a 450 km de Fortaleza. Barra o rio Jaguaribe, uma das mais importantes bacias hidrográficas da região, drenando uma área de 25.000 km2.
Tem como finalidades: perenização do rio Jaguaribe; irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe; piscicultura; culturas agrícolas de áreas de montante; turismo e aproveitamento hidrelétrico.
Foi projetada e construída pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, com a participação do consultor Engº Casemiro José Munarski e do Laboratório Hidrotécnico Saturnino de Brito S.A.
Desde os tempos do Império (século passado) e nas primeiras décadas da República, a barragem do Boqueirão do Orós era motivo de análise. Porém, somente nos primeiros anos da IOCS foi estudado e concluído o anteprojeto da barragem, destruído pelo fogo antes de sua execução, no incêndio de 1912.
No ano seguinte, o engenheiro inglês Louis Philips procedeu a sondagens iniciais no local, constatando a existência de um bolsão de material aluvionar situado no meio do boqueirão, com mais de 40 m de profundidade, impedindo o seu fechamento por uma barragem de eixo retilíneo entre as ombreiras.
Propôs, como conclusão, ou uma barragem curvilínea para montante apoiada nas vertentes do boqueirão, ou uma barragem retilínea a jusante do mesmo. Sondagens posteriores mostraram que as bordas do bolsão alcançavam cerca de 200 m a jusante do eixo da garganta e a camada de sedimentos clássicos nele depositados superava os 80 m de espessura.
Por ocasião da seca de 1919, o Governo Federal contratou a firma norte-americana Dwight P. Robinson & Co. para elaborar novo projeto e implementar a obra, Razões técnicas inviabilizaram a construção da barragem, que seria em alvenaria ciclópico, no local do boqueirão.
Após a excepcional enchente de 1924, que extravasou o dique de desvio e destruiu parte de instalações e obras iniciadas, seguiram-se ordens de um corte drástico nas verbas da IFOCS, paralisando construções e serviços em andamento.
A seca de 1932 provocou novo aporte de recursos federais e a equipe técnica da IFOCS, sob orientação do Engº Luiz Vieira, elaborou novos projetos, um para barragem de terra e outro para de concreto. A barragem, de um ou outro tipo, teria eixo retilíneo e se localizaria a jusante do boqueirão.
Já em 1957, estudos litológicos e estruturais efetuados no local pelo Prof. Arthur W. Schneider, o resultado de novas sondagens, assim como a abundância de rocha, areia e argila nas proximidades, induziram o Prof. Casemiro José Munarski, consultor do DNOCS, a sugerir o projeto definitivo.
Os técnicos do DNOCS elaboraram, então, dois anteprojetos para barragem em arco, com fundação sobre rocha: um em concreto gravidade e outro em maciço zoneado com argila, areia e enrocamento.
Motivos de ordem econômica e a disponibilidade de equipamento procedente da barragem de Araras, recém-concluída, induziram à elaboração da segunda alternativa de projeto, ou seja, a construção de uma barragem de terra zoneada.
Em outubro de 1958 foram escavadas as fundações, ficando prontas para receber o maciço previsto no projeto, tão logo cessassem as chuvas do ano seguinte.
O Engº José Cândido Castro Parente Pessoa, Diretor Geral do DNOCS à época, então determinava: "para realizar a construção do Orós em ritmo econômico, esta obra precisa ser levantada até a cota do coroamento (cota 209) entre junho de 1959 e março de 1960." E completava: "tão logo seja atingida a cota 185, todo o equipamento disponível para perfuração será localizado na área do vertedouro."
Reservatório
Em 1960, equipamentos de terraplenagem trabalhavam 24 horas por dia. As chuvas que chegaram bastante tardias e fracas no início desse ano, intensificaram-se em março de maneira violenta e passaram a comprometer o maciço em construção, pois o túnel, previsto para tomada d'água, não dava vazão suficiente àquela cheia excepcional.
A barragem ainda nem alcançava a cota 190 quando, com o recrudescimento das chuvas torrenciais, as águas começaram a lavar o maciço aos 17 minutos do dia 26 de março.
Diversas soluções foram intentadas durante a iminência do transbordamento. Com o início da extravasão das águas, julgou-se mais recomendável controlar o acidente. Para tanto, iniciou-se a abertura de uma vala no maciço, por onde a água passou a fluir em catarata, erodindo seu próprio vertedouro até a fundação da barragem e levando seu coroamento.
O desgaste do topo da barragem recoberto pelas águas foi pequeno, como limitada foi a erosão na fenda central, onde a correnteza formou um canal bem definido, de paredes quase verticais. Tinham sido destruídos 877.500 m3 do maciço que, na ocasião, já alcançara 2.000.000 m3.
O bom desempenho na execução da obra fez com que, tão logo o tempo permitisse o início de sua reconstrução, fosse aproveitado, total e seguramente, o que restou da barragem, cujo coroamento foi atingido em novembro do mesmo ano, sendo inaugurada em 11 de janeiro de 1961 pelo então Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. E desde então, com quase 30 anos de existência, nenhum outro acidente tem-se a lastimar.

(Fonte – leia a matéria completa no site http://www.dnocs.gov.br/barragens/oros/)