quinta-feira, 6 de novembro de 2014

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HISTÓRIA - Quando o Nordeste lutou para se separar do Brasil

Quando o Nordeste lutou para se separar do Brasil

Enquanto hoje, como reflexo da eleição, há gente que fala em separar o Nordeste do Brasil, muito sangue já correu quando a região lutou justamente por isso.
As discrepâncias entre regiões no resultado da eleição provocaram onda de ofensas a nordestinos, das piadas de mau gosto ao preconceito sem máscaras. Como canal desse sentimento, gravuras do Brasil sem o Nordeste se espalharam nas redes sociais. O que hoje é brincadeira para propagar hostilidade e discriminação já foi parte de um projeto político para a região.
Ao longo de mais de 200 anos, houve possibilidade real de construir um território à parte em estados que hoje compõem essa parte do País. Correu muito sangue para evitar que isso acontecesse. A última delas deixou marcas inclusive no Centro de Fortaleza.
Do que hoje chamamos Nordeste - no que eram conhecidas na época como “províncias do norte” - veio uma das primeiras ameaças à unidade do País que ainda lutava para se consolidar como independente.
No fim de 1823, dom Pedro I dissolveu a primeira Constituinte do Brasil e outorgou uma constituição centralizadora, que tirava poderes das províncias. A revolta se espalhou pelo País, com ênfase em Pernambuco, onde havia ecos da revolução de 1817. Em 1824, eclodiu a Confederação do Equador, movimento separatista, antiabsolutista, cujo objetivo era criar uma república nas proximidades da linha do equador.
O Ceará nessa época era área de influência política pernambucana. As duas províncias haviam sido vinculadas até 1799. Desde os primórdios da colonização, o território pernambucano era importante polo da economia brasileira. Já a importância cearense era desde sempre periférica. Mesmo assim, o Ceará foi o principal aliado dos movimentos rebeldes que eclodiram no estado vizinho no começo do século XIX.
Além de Ceará e Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte aderiram à Confederação. Houve apoio também em Campo Maior e Parnaíba, no Piauí.
Os líderes da Confederação esperavam adesão de Alagoas - que até poucos anos antes era parte da província de Pernambuco - e Sergipe, que acabara de se emancipar da Bahia. Em Sergipe, o presidente da província, Manuel Fernandes da Silveira, acabaria deposto acusado de colaborar com os revoltosos.
A região que, por volta de meados do século XX, passou a ser chamada de Nordeste foi o centro da economia durante a maior parte do período colonial. Perdeu o protagonismo com a descoberta de ouro em Minas Gerais. Mas manteve papel crucial na agricultura, não só com a cana-de-açúcar, mas também com o algodão e o couro.
O café ainda começava a ganhar espaço na década de 1820, preparando-se para a explosão dos anos seguintes. Aquele “Nordeste”, portanto, tinha peso muito maior na economia nacional do que hoje. O processo de esvaziamento que aprofundaria contrastes regionais estava ainda no começo.
Durante a Confederação, a Câmara da vila de Campo Maior, atual Quixeramobim, chegou a declarar, em 8 de janeiro, destituído dom Pedro I e proclamar a República.
A reação ao projeto de dividir o Brasil foi furiosa. Foi contratado o mercenário inglês Thomas Cochrane, lorde do império britânico, herói das guerras napoleônicas, que servira a dom Pedro na repressão aos movimentos contra a independência. Em setembro de 1824, Recife se rendeu depois de um banho de sangue. O Ceará continuou a lutar. Vilas foram saqueadas e incendiadas. Cadáveres insepultos se amontoavam. A chegada de Cochrane a Fortaleza, em 1824, levou muitos revoltosos a se renderem.
No antigo Campo da Pólvora, atual Passeio Público, foram executados Padre Mororó, Pessoa Anta, Feliciano Carapinima e outros líderes. Por isso, o lugar é conhecido também como Praça dos Mártires. Houve ainda condenados ao degredo na Amazônia ou a trabalhos forçados em Fernando de Noronha. Foi o fim do sonho de uma república equatorial no Nordeste.

SAIBA MAIS
1. Desde os primeiros anos da colonização, o atual Nordeste foi alvo de disputa, cobiça e guerra. E Portugal esteve por um fio de perdê-lo. No começo do século XVII, após serem expulsos do atual Sudeste, franceses tomaram o que hoje é São Luís (MA). Expulsos, fundaram a Guiana Francesa.
2. Em 1624, os holandeses que tentaram tomar o Nordeste. Nas décadas de permanência, transformaram a história de Fortaleza e Pernambuco.
LER
Confira a ata da sessão da Câmara da atual Quixeramobim que proclamou a República http://bit.ly/1qbPxfN

(Notícias do Senado - Fonte Ilustração - Facebook
-http://www.opovo.com.br)

População - Onde está "sobrando" Mulher ...

Sobra mulher no Nordeste, aponta levantamento do IBGE

Está faltando homem no Nordeste brasileiro. É o que aponta a publicação Estatísticas de Gênero 2014 - Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (31). Entretanto, os estados do Rio de Janeiro, no Sudeste, e Distrito Federal, no Centro-Oeste, lideram a lista de localidades onde está sobrando mulher. Pernambuco é o terceiro da fila e é seguido pelos nordestinos Paraíba e Alagoas.
São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará e Rio Grande do Norte completam o ranking dos dez estados brasileiros que estão com a proporção de homens e mulheres abaixo da média do País, que é de 96 meninas para cada 100 rapazes. No Rio de Janeiro, por exemplo, há 91,2 homens para cada 100 mulheres, no Distrito Federal a relação é um pouco maior: 91,6 homens para cada 100 mulheres. Já em Pernambuco, são 92,7 homens para as mesmas 100 mulheres. Por outro lado, na região Norte toda e no Mato Grosso, eles são a maior parte da população e os garotos estão "sobrando".
Se os rapazes se animaram com o grande número de meninas em determinados estados, o IBGE alerta que, quando há maioria de mulheres, geralmente a população também é mais velha. Já no caso das meninas solteiras que já estão pensando em viajar para os estados onde os homens estão "sobrando", o Mato Grosso é o local onde há 104,3 pessoas do sexo masculino para cada 100 do sexo oposto.


(Publicado em 31/10/2014 - Fonte - http://noticias.ne10.uol.com.br)